O DESPERTAR DO FUTEBOL JUIZ-FORANO

Segundo “Elmo”, pseudômino usado pelo advogado, professor e jornalista Francisco de Salles Oliveira, o futebol em Juiz de Fora começou a ser praticado graças à iniciativa de educadores americanos que estavam no município para fundar o Colégio Granbery. O artigo que conta esta origem do futebol na cidade foi publicado no jornal O Correio de Minas, em 14 de maio de 1920, conforme matéria do site acessa.com intitulada Início do futebol de Juiz de Fora.

A reportagem do site revela, sem fixar datas, que a Academia de Comércio, localizada na Rua Halfeld, estimulada pela prática deste esporte, construiu um campo de futebol, e logo em seguida começou a treinar sua equipe. O Granbery, por sua vez, teve durante muito tempo uma equipe quase imbatível. E a partir dos confrontos entre Academia e Granbery, surgiu o gosto pelo esporte bretão. Um dos locais existentes na época para realização dos jogos, era onde hoje se localiza a Praça Antônio Carlos, conhecida como Praça do canhão.

Gradativamente, foram surgindo pequenos clubes através de alguns desportistas mais eficazes, que tinham como principal objetivo acabar com a hegemonia do Granbery. Entre os principais clubes estavam: Uranos, Juiz de Fora, Guarani e Riachuelo, clubes estes pequenos e sem muita organização.

Entretanto, em 15 de agosto de 1911, surgia o que seria o primeiro grande clube de Juiz de Fora, o Tupynambás Futebol Clube, com uma melhor organização profissional e social. Em seguida, no dia 26 de maio de 1912, nascia o Tupi Foot Ball Club. Somente quatro anos mais tarde viria a ser fundado o Sport Club Juiz de Fora, no dia 24 de setembro de 1916. Em 1920, o campeonato da cidade contava com sete equipes. Além do Tupi, Tupynambás e Sport, ainda disputavam o Esporte Clube Renato Dias, o Industrial, o Sarmento e o Santa Cruz.

No ano de 1918, no dia 22 de fevereiro, era criada a Liga de Desportos de Juiz de Fora, por nomes como o de Antônio Aguiar (Canoinha), Paulo Schmitz, Marcondes Ferraz, Cel. Renato Cordeiro Dias, Abril de Araújo Alves, Eduardo Weiss, Hosano Fonseca, Besnier de Oliveira, Pedro Gonçalves de Oliveira, além dos clubes Tupy, Tupynambás, Sport e Esporte Clube Renato Dias.

O presidente da Liga de Desportos Terrestres, Marcondes Ferraz, veio a Juiz de Fora e promoveu a fundação da entidade, havendo uma partida contra Belo Horizonte. Os principais fundadores da entidade local, denominada posteriormente Sub-Liga Mineira de Desportos, foram Abril de Araújo Alves, Paulo Schmitz e Antônio Aguiar.

No ano de 1918, foi disputado o primeiro campeonato oficial da cidade, e Tupy e Tupynambás se enfrentaram logo no início, surgindo, a partir daí, uma grande rivalidade entre os dois clubes. Aquela partida foi marcada por lances curiosos, como os três pênaltis perdidos pelo Tupy na mesma partida, dois por Othelo Rossi e por Hernani, o outro. Já nos minutos finais da partida, o árbitro marcaria pênalti a favor do Tupynambás. Quem cobrou a penalidade foi Hugo Zaneti, que entraria para história como o autor do primeiro gol em campeonatos oficiais da cidade. O Tupynambás venceria o jogo por 1 a 0. As equipes eram formadas por: Tupy – Mário, Raul e Othelo, Acir, Hernani e Felipe, Nenê, Jacinto, Humberto, Aguiar e Mingo; Tupynambás – Reis, Weingrill e Dante, Nicomedes, Panconi e Carleto, Masson, Hugo, Pereira, Totônio e Mota.

Entre os anos de 1918 e 1932, época em que o futebol no município ainda era amador, o Tupynambás se tornou o maior campeão da cidade, com sete títulos, seguido do Tupy com quatro e o Sport com dois. A partir de 1933, quando o futebol na região se profissionalizou, o Tupy passou a ser o maior vencedor, com dezessete títulos, seguido do Sport com nove, Tupynambás com quatro, Olympic de Barbacena e Mineira de Eletricidade com dois; Industrial Mineira, Volante, Duque de Caxias e Social, de Santos Dumont com um.

Naquela época surgiram grandes nomes no desporto juizforano, dentre os principais: Salles Oliveira, Tufy Ahouagi e Luiz Gonzaga Machado Sobrinho no Tupy; Abril de Araújo Alves e Francisco Queiroz Caputo no Sport, e Manoel Pereira, José Paiz Soares, Mário Simão Sfeir, Luiz Horta, Enéas Rezende, Antônio C. França e Mauro Horta no Tupynambás.

Esse é o ponto de partida do futebol juiz-forano, que nos anos seguintes contaria com grandes confrontos, carregados de rivalidade e emoção.